Vocês devem saber o que significa "querer morrer" quando um colaborador essencial falta, e então muda a rotina inteira da empresa, muda o dia de todos os outros funcionários e o humor das pessoas.
Um funcionário tem seus motivos para faltar, e a empresa tem seus motivos para não dar folga, ou para punir quem faltou.
Já observei os motivos de inúmeras pessoas e de empresas diferentes. E cada pessoa tem uma justificativa diferente.
O melhor não é avaliar os motivos da pessoa que faltou, mas sim a relação de trabalho da empresa com o funcionário.
Uma vez que você determina e explica previamente consequências de faltas, de atrasos e desenvolve uma boa relação com todos os colaboradores, de respeito e de troca, será fácil tratar com uma pessoa sobre uma falta.
Principalmente você como gestor, saberá quando a pessoa faltou de sacanagem, ou por necessidade mesmo.
Vamos a uns casos específicos:
Salão de beleza
No salão, na semana do Natal com a agenda lotada uma das manicures falta. Não avisa que não irá trabalhar, não dá ao salão a oportunidade de desmarcar os clientes agendados para que estes possam ter tempo de procurar outro salão.
Como estamos compromissados diretamente com clientes, uma falta não avisada significa falta de respeito e comprometimento. Além de deixar claro que o profissional não tem profissionalismo algum.
Sabem o que é pior? Acontece com frequência. E a profissional em questão, ligou somente no dia seguinte após a falta para notificar de que não iria mais e que a falta não teve motivos especiais, simplesmente não "estava a fim de encarar o trabalho mais". Há 3 dias da véspera de Natal com uma agenda lotada.
Neste caso, a relação de trabalho é contrato de prestação de serviço.
Por isso este tipo de problema acontece com frequência. Porque não há danos para a profissional caso não compareça.
Outro detalhe importante: A manicure recebia semanalmente. Findava a semana, recebia tudo o que trabalhou. E tem mais detalhes, a empresa sempre teve bom relacionamento com a manicure, nenhum desentendimento, e o salão até era elogiado pelo que ela fazia de comissões.
Parece estúpido supor que um registro CLT e o recebimento de abonos mensais irão segurar uma pessoa. E acho que não segura. Mas passa a ser um artifício a mais para não ficar na mão da noite para o dia.
Lembre-se que um funcionário, em regime de CLT, caso pedir para sair da noite para o dia, a empresa pode descontar um mês de trabalho do mesmo. A CLT também protege o colaborador no mesmo sentido, caso a empresa mande-o embora, deve pagar um mês adiantado, ou cumprir o aviso prévio conforme a legislação em vigor.
Por isso falo para observar a relação de trabalho, como para manicures o sistema de trabalho é muito aberto, e quem faz o horário é a própria profissional, a possibilidade de não ter profissional é muito alta em salões de beleza.
Possível solução:
Não pagar semanalmente,
Dar vales somente quando a profissional tenha-o feito em proporção a suas comissões.
Na contratação, fazer contrato de parceria (embora não seja legalmente adotado pela jurisprudência brasileira, esse contrato está cada vez sendo mais aceito por juízes em reclamações trabalhistas- tramita atualmente - março de 2016 - um projeto para legalizar esse contrato no ramo de salões de beleza) assinado por ambas as partes de regras que se aplicam para contratada e empresa.
Estabelecer em contrato desconto de comissão como multa para uma ausência não notificada previamente.
Ou estabelecer o regime de CLT com regras claras para possíveis danos causados a empresa por faltas não justificadas.
Estacionamento e Manobrista
Um outro caso que presenciei foi um estacionamento que possui 4 manobristas.
Todos trabalham em regime de CLT com um dia de folga na semana.
Estabeleceu que o revezamento para a escala de Natal e Ano Novo seriam 2 folgando dia 24 e 25 de dezembro e outros dois folgando dia 31 e 01 de janeiro.
Solução para faltas:
Caso um manobrista falte nesse dia, terá os descontos determinados pela CLT e advertência caso não apresente atestado, mas não permita mais usufruir de folgas em datas especiais. Informe que uma falta determinará o corte desses tipos de folgas extras.
Exemplo, numa proxima ponte entre feriados, se a empresa poderia dar folgas não dará mais devido tal falta de comprometimento.
Motel
Esse terceiro caso, trata-se de uma cozinheira para um motel de médio porte. São contratadas para o período de 44 horas semanais e uma folga semanal.A cozinheira é responsável por abastecer todos os quartos, sendo que para a jornada de um dia existem 3 cozinheiras. Somente uma por plantão.
Esse caso em particular tem um erro que a empresa pratica. Não tem profissional extra ou em stand By, para suprir uma possível falta. E o pior, na falta de uma, é a gerente ou a proprietária que assume a cozinha!!!!!!
A solução praticada para a falta é advertência escrita, possível suspensão ou dispensa sem justa causa, e descontos salariais.
Como disse anteriormente, a empresa comete alguns erros:
-Não paga hora extra ou banco de horas para horas trabalhadas além do expediente.
-Não possui profissional extra para suprir faltas inesperadas
O que gera um profissional insatisfeito e sobrecarregado, rotatividade alta e baixa qualidade em serviço. Então empreendedores, vamos respeitar o direito das pessoas receber pelo tempo a mais que ficam em suas empresas!
Solução: Alguns motéis pagam comissão aos seus colaboradores por movimento, ou seja, quem trabalha mais, também é remunerado por isso, o que diminui o impacto das diferenças de carga de trabalho dos colaboradores que limpam os quartos á meia-noite do sábado para o domingo entre os que fazem o turno da quarta-feira ás 11 hs da manhã.
Comissionamento para a quantidade de refeições entregues no dia também seria um exemplo para desestimular faltas.
Outra ótima solução é o pagamento de bônus por avaliação comportamentel. Todo bônus financeiro pode até ser considerado pouco importante, mas todo profissional sabe que uma falta não irá leva-lo a demissão por justa causa porque é contra a lei, mas que ele conseguirá irritar seu superior conseguirá...se além de um dia de Trabalho e um DSR perdido o profissional também perder um dinheirinho extra que viria por bom comportamento, já é um motivo a mais que irá fazer com que seu comprometimento aumente.
Cada empresa tem uma necessidade diferente.
Cabe a cada gerente saber tratar com questões ligadas ao motivo da falta do funcionário assim como observar como a empresa trata o funcionário ao longo do tempo.
Do mesmo jeito que existem empregados ruins e pouco comprometidos existem empresas ruins. Empresas que não reconhecem o excesso de trabalho para cada profissional, assim como no caso acima, não pagar nem mesmo hora extra ou banco de horas.
As relações de trabalho precisam ser vistas e revistas no ato da contratação e em reuniões periódicas sobre o tema.
Boa semana a todos!!
Sheila Santos
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